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sexta-feira, novembro 28, 2008

A MÚSICA É A MINHA ÚNICA RELIGIÃO


"A MÚSICA É A MINHA ÚNICA RELIGIÃO"

«Que hei-de dizer-lhes acerca da Música, que os interesse e que esteja ao meu alcance?» pergunta Lopes-Graça nos anos trinta. A resposta será o seu caminhar resistente reflectido nestas palavras: « Poderia dizer-lhes enfim, como além de uma Arte a considero uma Religião, a minha única religião (...) e como visiono uma única Religião do Futuro, a única Religião de uma Humanidade Livre, Justa e Sábia».
Em 1954, mais uma vez por razões políticas, o regime retira-lhe o diploma do Ensino Artístico Particular. Não pode dar aulas na Academia de Amadores de Música e até mesmo em casa!...Fica sem meios de subsistência. Pensa novamente em ir para Paris. Mas os amigos não o deixam partir. Manuel Rodrigues das "Edições Cosmos" dá-lhe a oportunidade de realizar um projecto que há muito ambicionava fazer: publicar um "Dicionário de Música" em português.
Em 1961 conhece Michel Giacometti, um francês da Córsega que vem para Portugal. Grande amizade se estabelece entre os dois. O trabalho do etnógrafo é completado pelo do músico. Giacometti calcorreia o País de norte a sul. Recolhe na origem canções que os camponeses cantam nas aldeias e transmitem de boca a ouvido, de pais para filhos. Lopes-Graça classifica e analisa todo o material recolhido que, depois de seleccionado, é divulgado em disco. Ele próprio harmoniza algumas destas canções para o Coro da Academia de Amadores de Música que serão ouvidas novamente pelos camponeses nas muitas digressões feitas pelo país.
Para ele a música é uma coisa tão necessária como respirar, comer, amar, pensar. Não precisa de rostos sisudos e façanhudos. Necessário é ter prazer em fazer música. Lopes-Graça entende que o ensino musical deve ser um contacto vivo, permanente, directo entre a Música e o jovem. Escreve várias obras para os mais novos: Álbum do Jovem Pianista, Presente de Natal para as Crianças, Canções e Rondas Infantis, As Cançõezinhas da Tila.
Segundo o compositor francês e seu grande amigo, Louis Saguer, a Música de Fernando Lopes-Graça é uma multiplicidade de técnicas e de estilos: da tonalidade mais clássica ao atonalismo mais marcante. Imbuído das ricas polifonias da música regional portuguesa e alimentado por um vasto tesouro de obras-primas de todo o mundo. A sua pesquisa é feita em todas as direcções na certeza de encontrar sempre a síntese necessária à própria expressão enquanto músico e cidadão.



UMA CONSCIÊNCIA DO NOSSO TEMPO

Noite de 25 de Maio de 1974. Há um mês que Lisboa fervilha, fraternidade. O país desperta da morrinha secular. O pulular de reuniões de sindicatos desagua nas calçadas de Lisboa. De olhar brilhante, sorri-se aos abraços. Comunica-se nas paredes, nos candeeiros, nas árvores. É a festa da esperança. A imaginação e a poesia estão na rua. No Coliseu, Lopes-Graça dirige o Coro da Academia de Amadores de Música. Uma catedral de vozes ergue-se na noite:
Vozes ao alto! Vozes ao alto! Unidos como os dedos da mão havemos de chegar ao fim da estrada ao sol desta canção.
A poesia feita canção militante do poeta resistente José Gomes Ferreira. Outros estão presentes: Carlos de Oliveira, Mário Dioniso, amigos que voltam do exílio e da clandestinidade.
Noite memorável! O grande músico, figura frágil, agradece à assistência da sala imensa, emoção. É a visibilidade do valor nacional da obra de Lopes-Graça, embora este não tenha «uma ideia mítica, mas sim dialéctica do que possa ser uma música nacional» segundo o musicólogo Mário Vieira de Carvalho.
Seguem-se as honrarias públicas. Condecorado com a Ordem da Amizade dos Povos em 1976 pelo Soviete Supremo da URSS. Em 1980 recebe do Presidente da República Mário Soares o grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Santiago de Espada.
Aos 75 anos a lucidez e o seu espírito independente continuam a provocar polémica. Em 1982, numa entrevista ao "Jornal de Letras" reafirma o seu «iberismo»: «Porque a separação de Portugal de Espanha foi um erro histórico, sem querer com isso dizer que deixássemos de ser portugueses. A própria Galiza não se considera espanhola; a Andaluzia e a Catalunha também não. Há o problema grave dos bascos... Penso que deveria haver uma federação, tal como a federação dos povos soviéticos, cada um com a sua personalidade, mas com um projecto social, político e económico comum. Continuo a defender essa ideia, sem a absorção de qualquer parte por outra.»
Em 1994 uma jovem, recém licenciada em musicologia, vem de terras de Espanha para Portugal. Por sua conta e risco quer conhecer Lopes-Graça e estudar a sua obra. Teresa Cascudo chega à Parede. Percorre a Av. da República e quase junto ao mar vê uma vivenda com um jardim na frente e uma horta nas traseiras. É o próprio Graça quem lhe abre a porta. Uma fotocopiadora atravanca a entrada. Fazem-se cópias de segurança de toda a obra musical de Lopes-Graça. Na sala principal o velho piano de meia cauda tem em cima várias partituras passadas à mão pelo próprio compositor. São edições caseiras com o seu anagrama FLG e que durante as últimas décadas serviram para divulgar a sua obra junto dos seus intérpretes.
O mérito de toda esta azáfama é de Conceição Correia, directora do Museu da Música (Casa "Verdades Faria"). Conseguiu que a Câmara de Cascais disponibilizasse meios. Filipe de Sousa orienta os trabalhos com o apoio do Dr. Francisco Mota da Veiga e o Arq. Romeu Pinto da Silva.
Durante meses o trabalho prossegue com entusiasmo. Testemunhos de uma vida intensa que se mistura com a história deste século estão finalmente a salvo. Lopes-Graça, que foi sempre meticuloso e organizado, está feliz mas um pouco cansado. Fim de semana de Novembro. Está sol e durante a tarde recebe algumas pessoas que o visitam. Durante a noite está só como sempre vivera. Morre a 27 de Novembro de 1994.
Em 1995 é editado pela Câmara de Cascais/Museu da Música Portuguesa o Catálogo do Espólio Musical de Lopes-Graça. Obra fundamental para se ter uma ideia da dimensão da sua obra e proceder-se à edição criteriosa de um dos compositores mais significativos da história da Música Portuguesa e da Península Ibérica.

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